29 de março de 2024

Sobre atualidade do “anjo do lar” e o mito da igualdade entre gêneros (Evelyn Santana)

Por

REDAÇÃO - PA4.COM.BR




 

(Por Evelyn Santana)

 

Existe igualdade para a mulher na sociedade atual? Muitos apontam a ausência de necessidade movimentos em prol da mulher e de seus direitos. O argumento utilizado é quase sempre o mesmo: vocês já avançaram demais!

 

Será que de fato avançamos demais? Ou demos alguns passos? Não quero desmerecer nenhum ganho em se tratando dos efetivos avanços que incidem diretamente na vida da mulher. Contudo, é necessário que saibamos que não chegamos lá ainda! Poderíamos apontar a discrepância com dados e pesquisas que nos mostram quão difícil ainda é o viver feminino. Entretanto, acredito que basta observar e refletir através de cenas cotidianas e corriqueiras.

 

Para não dizer que não falei sobre dados factuais, há cerca de um ano… escrevia sobre a inserção de mulheres no ensino superior e me deparei com a triste constatação de que a maioria adentra esse universo, mas não consegue segurar o tão sonhado diploma nas mãos. Ao fim do estudo, depois de muito ter lido, cheguei à triste conclusão de que o termo utilizado por Virginia Woolf, escritora e ensaísta britânica, há muito tempo atrás… Quando palestrava sobre mulheres na literatura é terrivelmente atual. Virginia, fala sobre o “anjo do lar”. Ou seja, representou todas as obrigações domesticas que são atribuídas as mulheres desde de cedo através de figura.

 

Somos bombardeadas com um manual acerca de qual rumo devemos tomar. Como? Através da cultura, dos meios de comunicação do mercado, e de quase tudo que consumimos. Somos segmentadas e preparadas para o nosso vir a ser… Desde o primeiro fogãozinho de plástico que ganhamos, ou a vassourinha em tons pasteis. Inconscientemente, eles nos dizem qual será nosso futuro ou para que teremos aptidão. Enquanto feminista, ressalto meu respeito para com aquelas que escolhem apenas a vida doméstica. Me opor a isso seria me opor à liberdade de escolha de uma mulher. Meu ponto não é a escolha de uma mulher, e sim… A impossibilidade de escolhas.







Dessa forma, não consigo acreditar que de fato já chegamos lá. Mas qual seria esse lugar? Bem, o lugar em que igualdade salarial já fosse uma realidade, ou a presença de mulheres em cursos majoritariamente ocupados por homens em universidades, ou o lugar em que a mulher não tivesse que escolher entre a carreira ou seu lar, o lugar em que as que optam por seguir seus sonhos não tivessem que fazer tripla jornada, o lugar em houvesse um número significativo de mulheres na política, em que não houvesse preconceito com nossas vestes ou escolhas. Um lugar de igualdade. Parece utópico, não?  Ao meu ver é mais destoante que diante da quarta onda do feminismo… Ainda sejamos acompanhadas pelo “anjo do lar” citado pela Senhora Woolf há tanto tempo atrás. Aquele que ainda nos conduz para um único arquétipo, que nos rouba tempo, energia e produtividade. Nos rouba sonhos. Findo o texto destacando a urgência de que continuemos nossa luta. Os espaços já existem, precisamos apenas que nos deixem passar pelas portas. Então, talvez, nesse dia… Tenhamos de fato chegado lá.



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COMENTÁRIOS

Comentários 1

  1. Lia says:

    Sou mulher, mãe, negra, batalhadora e acho uma grande bobagem esse vitimismo disfarçado de ativismo por igualdade que é outra grande bobagem. A mulher é livre para fazer escolhas e, cada uma de nós faz o que quer da vida, se quer ser esposa como grande parte de nós prefere e cuidar dos filhos e da casa mas, não por ser obrigada a isso e sim por escolha própria, como há também as que escolhem, estudar, trabalhar fora etc. Portanto, nós mulheres, não somos vítima de nada muito menos da sociedade e não precisamos ser rebaixadas a discursos vitimistas e fracassados como esse.

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