Em Paulo Afonso, os bastidores políticos exibem um espetáculo deprimente de alianças e omissões que sacrificam o interesse público. Enquanto a saúde pública carece de respostas urgentes, a CPI que deveria investigar as irregularidades na área foi abafada por conchavos entre os mesmos grupos que garantiram a vitória do prefeito eleito.
O vereador Marconi Daniel (PT), ex-candidato à prefeitura, foi direto em sua crítica: a disputa eleitoral foi desequilibrada porque, segundo ele, enfrentou uma aliança entre os candidatos que representavam a “prefeitura A e B”. O resultado? A perpetuação do domínio político do mesmo grupo que governou a cidade, fazendo de tudo para impedir qualquer investigação que exponha os erros de suas gestões.
Marconi Daniel não poupa palavras ao descrever o “arrumadinho” que, segundo ele, prevalece na Câmara de Vereadores. Quando a oposição conseguiu um avanço jurídico para desarquivar a CPI da Saúde, veio o golpe: o silêncio conveniente dos parlamentares alinhados com o grupo vencedor. “Ficou claro que ninguém quer a CPI porque ela desagrada aos interesses dos eleitos. Mas nós iremos à Justiça e quem deve tem que pagar!”, prometeu.
Enquanto o vereador tenta manter viva a pauta da transparência e da fiscalização, as prioridades do prefeito eleito são outras. Silencioso, ele não se mobiliza para impulsionar a investigação. Já o prefeito em exercício sequer cumpre seu papel básico de facilitar uma transição administrativa transparente. Para Marconi, o silêncio é revelador: “Ele poderia estar exigindo a CPI, mas prefere se omitir enquanto o povo grita e chora, vítima desse jogo político sujo.”
A denúncia vai além do embate político e revela o descaso com a população. “Tem gente perdendo a visão por falta de tratamento para glaucoma, mas o foco deles é a presidência da Câmara”, alfineta, referindo-se à disputa interna por poder enquanto a saúde pública é relegada ao abandono.
Marconi promete não descansar até o fim de seu mandato, reiterando que lutará pelo esclarecimento do uso do dinheiro público. “Vou imprimir tudo da CPI e levar ao conhecimento da Justiça. Meu papel é representar o povo até o último dia, mesmo que ninguém mais aqui pareça se importar.”
A crítica é direta e contundente: enquanto um prefeito se omite e o outro cala, o povo paga o preço de uma política que prioriza o poder em detrimento da vida. Paulo Afonso assiste, impotente, ao desenrolar de um jogo político onde o interesse coletivo é, mais uma vez, relegado ao último plano.