Lucrécia Queiroz chegou por último, depois de quatro homens na família de origem pernambucana, que migrou para Paulo Afonso à semelhança de tantas outras, para trabalhar na Chesf.
“Era aquela coisa de ficar escondida, numa caixinha, como se fosse uma boneca, não podia fazer muita coisa. Era muito preservada, sair só nem pensar. Até hoje sinto dificuldade em dizer ‘não’. Faltou em minha educação uma dose mais equilibrada, entre o veneno e o remédio, a cura está na dosagem”, avalia.
Lucrécia não teve uma vida mais fácil para se tornar uma empreendedora de sucesso, e ter tido acesso à educação, e ser de classe média. Ela conta que as dificuldades apareciam a cada passo, primeiro por ser tímida, e segundo, porque para as mulheres nada é tão simples assim:
“Eu tive muita dificuldade, nunca trabalhei enquanto estudei [a regra valia para os homens também, meus pais não permitiam] eu precisava, mas fui sempre muito podada. Me formei em biologia, e já estava casada, quando comecei a trabalhar como professora pelo município.”
A oportunidade de mudar de vida veio por um dos irmãos que virou sacoleiro, vendia roupas, e precisou sair da cidade. A essa altura Lucrécia já tinha um pequeno comércio com o marido. Então teve que vencer a timidez, e ir para as portas das escolas.
“Para mim era vergonhoso, na minha cabeça trabalho era outra coisa, mas de repente tudo fluiu. As pessoas gostavam tanto do que eu vendia, do que eu usava e de mim; quando terminei o que o meu irmão tinha, achei que havia acabado tudo. Mas as pessoas continuavam pedindo, e cresceu, não deu mais para ficar em casa e precisei vir para o comércio.”
Aberta a loja, a visão negativa de um colega: ‘Essa lojinha, tão pequenininha…’
A ponto comum entre a incipiente empreendedora e as demais mulheres que dão passos na vida, cujo roteiro é traçado por elas, vem na abordagem de um colega ao vê-la abrir a loja, isto há muitos anos. Lucrécia lembra e ri, mas não deixou de mostrar indignação:
“Ele tinha mais tempo de mercado. Eu nunca esqueci, porque ele chegou e disse: ‘como você sobrevive numa lojinha, tão pequenininha, foi tanto ‘inha’ eu pensei ‘como ele me ver um nada!’, no entanto, aquilo foi um incentivo, em menos de dois anos, minha loja era maior, mais bonita e melhor que a dele. Eu nunca disse nada. Deixei que o tempo desse a resposta. Fosse um homem, a fala era outra, mas sendo eu não teria tanta ‘inteligência para crescer’.
“Pra nenhuma de nós é fácil”
“Eu amo ser mulher, eu gosto de mim e de ver outras mulheres crescendo [sou atleta de Muay thai, faixa preta] amo vê-las lutando no ringue, no Congresso, uma escritora ou cantora, porque pode ter certeza para nenhuma delas foi fácil.”
“Me dói quando”
“Nós não somos sexo frágil, nem mais nem menos, podemos andar lado a lado. Mas eu sinto dor quando vejo a covardia, quando um homem bate, quando abusam de uma criança. Quando se julga alguém sem procurar saber o por quê?, quando há covardia me dói.
As futuras empreendedoras…
“Vença seu medo, tente se conhecer de dentro para fora, porque às vezes você escuta tanto ‘não’, que você acaba absorvendo, gera uma redoma, e é preciso ter objetivo e saber por onde vai trilhar; passar por cima da dor, ansiedade e até da família, às vezes o maior ‘não’ vem de dentro de casa e não de fora.”
Amei a entrevista!
Lucrecia, lendo sua entrevista, passou un filme pela minha cabeça, acompanhei e comprei roupa quando voce ia pra escola que trabalhei vender. Parabens por acreditar no seu potencial, pelo seu carisma e obrigada por nos incentivar a vencer com garra e ter ousadia pra vender os obstaculos.
Lucrécia, pessoa digna de tal homenagem. A conheço desde a sua “pequena lojinha”. De fato, o que sempre me surpreendeu foi o seu dom para lidar com os clientes. Muito educada, super astral, muito bom gosto, não é a toa que a loja reflete a sua personalidade. Adorei sua coragem em contar um pouco da sua caminhada e dos desafios que teve que superar. Parabéns por representar tão bem as mulheres da nossa cidade.
SHOW LUCRÉCIA .
Quem foi que chamou sua loja de pequenininha?
Parabéns Lucrécia!
Você é merecedora de todo sucesso ,para quem subestimou sua lojinha esqueceu de enxergar o tamanho de seu potencial e carisma.
Gostei da entrevista, mais por saber quem é a pessoa em si do que o caminho trilhado pq desmistificou uma coisa que fiz com ela: a julguei sem conhecer. Quando passo pela loja não olho nem pra vitrine, pois imagino que ali dentro só tenha pessoas que se acham melhores que as outras. Mas talvez nem seja culpa minha esse pensamento pq aqui em Paulo Afonso é cheio de gente que se acha melhor do que os outros e se é uma coisa que abomino no ser humano é a arrogância e uma das coisas mais lindas é a humildade e ela pareceu ser humilde, espero que seja msm. Eu compro muito pela internet justamente pra não ter que lhe dar com pessoas de nariz empinado, mas qd vou numa loja física daqui procuro sempre as populares, pois uma atendente educada e humilde não tem preço, com algumas já sou cliente fiel e qd vou na loja já procuro por ela, tem meu whatsapp, me mandam msgs com novidades, coisas do tipo… acho que a alma do negócio está aí, saber tratar bem as pessoas para que voltem e indiquem. Parabéns, Lucrécia, qq dia apareço na sua loja e espero encontrar atendentes legais, humildes de verdade e não de aparência para vender mais, pois vc sendo assim quem trabalha com vc tb deve ser. Boa sorte e mais sucesso.
As futuras empreendedoras… Amei!
Bela entrevista! Cada um colhe o que planta! Parabéns!!!