O período das dores se consubstancia em ações de muitos cidadãos que, embora espoliados pelos governos dos últimos trinta anos, encontram força e subterfúgios para exercer a cidadania. Para nenhum efeito prático em termos de desenvolvimento, têm sido hiper taxados sem ter a quem apelar. O pífio crescimento do PIB, nesse período, se deve à atividade econômica dos trabalhadores brasileiros que não desistem do Brasil – apesar do governo. A bíblia fala do princípio das dores. Infelizmente, estamos na fase posterior, isto é, nas dores.
A cada dia, nova surpresa. Melhor dizendo, novos pesadelos. Novos impostos, novas taxas, novas contribuições e novas malandragens – para arrancar do bolso dos brasileiros recursos para pagar os juros de uma dívida pública imoral e incompreensível elevada às nuvens pelos governantes irresponsáveis que temos tido. Para eles, primeiro a farinha pouca e, depois, o exílio voluntário em apartamentos nos bairros luxuosos de Paris.
E os que ficam, cidadãos comprometidos, simplórios como carece ser a cada cristão penitente, vão carregando a sua cruz e extrapolam em ações dignas de nota. Enquanto árvores morrem de sede em Paulo Afonso, moradores compram carradas de água e tentam salvar as agonizantes. À medida que os montes de lixo se multiplicam na cidade, velhos e jovens empunham vassouras e varrem as ruas. Na proporção que a insegurança cresce, os munícipes se recolhem cada vez mais cedo e reforçam as defesas das suas casas. Na razão em que os famintos esmolam alguma coisa para si e para os seus filhos nas portas e nas calçadas, realçando a balela da fome zero no Brasil, munícipes responsáveis plantam árvores frutíferas nas ruas e nas praças. É o que podem fazer considerando que cada vez mais sobra menos trocado no bolso no final do mês.
Foi exatamente o que testemunhamos nesta manhã de dezembro de 2024 na esplanada da Rua da Frente aos pés da Catedral de Nossa Senhora de Fátima. Ao passarmos, Eduardo, empresário da Eduardinho Veículos, ajudado pelo jovem Francisco, plantava coqueiros, mangueiras e frutíferas outras. Mais acima, já vistosos e produzindo, plantados anteriormente, dois umbuzeiros e uma mangueira. Do interior da sua loja de manutenção de veículos, um Eduardo feliz e cioso do dever cumprido se sente recompensado com a visão de desvalidos a colher as primeiras mangas da abençoada mangueira.
Desta forma, testemunhamos para os leitores um belo exemplo de amor ao próximo que nos convida à imitação e nos constrange à ação de arborizar a cidade, de preferência com árvores que deem frutos que podem mitigar a fome de quem precisa.