Por Francisco Nery Júnior
“Conversa ligeira sobre o pobre Covid-19”
Ele é terrível. Embora a maioria das pessoas, pelo menos dos brasileiros, não o levarem a sério, ele é arrasador. Pela estimativa dos cientistas, e pelos resultados do seu ataque inicial, e mais pelo testemunho de sobreviventes, ele é, pura e simplesmente, arrasador. Na falta de um bloqueio providencial, pode reclamar cerca de um milhão de vidas no mundo inteiro.
Ele é um vírus. Tem vida e é um ser – como nós. Interessante é que ele não quer nos destruir. Ele quer simplesmente sobreviver. À custa das nossas outras células microscópicas, sim. Mas ele poderia nos lembrar que também vivemos nós outros à custa de mamíferos, crustáceos, répteis, batráquios, aves e peixes. “É assim mesmo”, diria o leitor. “Sim, é o que eu estou querendo dizer”, redarguiria o nosso amiguinho.
A aranha peçonhenta tirou o sossego e a concentração do poeta. Ela lhe causava asco. Lutando para não chegar ao ódio, e lamentando a repulsa, ele apenas contemporizou: “Desculpe, mas a sua figura não me causa outro sentimento. O seu azar foi nascer aranha”. Na luta renhida que temos a obrigação de travar contra o Covid-19 – impõe-se a nossa sobrevivência -, nós lhe pedimos desculpas. O nosso objetivo é a sua destruição.
E lhe somos gratos por outro lado. Ele nos fez acordar para o sentido das coisas. Talvez estivéssemos deixando a vida nos levar. Estávamos provavelmente renunciando à concessão maior de ser parte de um todo; de um objetivo maior. Relaxamos o privilégio de reinarmos juntos. Desprezamos o sentido maior da vida. Esquecemo-nos uns dos outros em grande parte.
Como do limão fazer a limonada, da pandemia do Covid-19, o convite à sensatez. Queiramos ou não, não podemos nos permitir sermos insensatos.
Grande Mestre Nery!
Texto irretocável e nos faz lembrar desta passagem ” O todo está nas partes e as partes estão no todo, tudo é interdependente”. Bela reflexão mestre. Parabéns e Abraços.