Lá para trás, o parque energético da região ainda não esgotado, o monumento e a praça ao trabalhador nordestino cabra bom de trabalho na Rua da Frente. Descalços e de calções, sem nenhum equipamento de proteção individual, os nossos cassacos finalmente iluminaram o Nordeste.
Eu tinha oito anos. Morávamos de aluguel em uma casa do coronel Oséias, colega do meu pai na Polícia Militar. Na parte da frente, uma reforma para acomodar os dois filhos solteiros do coronel que, casado de novo com uma fazendeira da Bahia, partia para o interior.
Pedro era um deles. Era como que a ovelha negra dos nove irmãos. A sua idiossincrasia, digamos, incomodava o coronel que, preconceituosamente, o alijava. Em relação à reforma, Pedro tomou coragem e resolveu participar: “Papai, papai, uma opiniãozinha!”. Recebeu o braço do coronel pescoço abaixo e só não caiu ao chão por ter conseguido se apoiar na parede em frente. Um dos piores episódios, talvez o mais chocante, que presenciei na vida.
Estamos com os nossos pioneiros de um Nordeste que já produz energia eólica suficiente para o próprio consumo bem como parte dos 2% da energia solar produzida no Brasil. Nós nos referimos à energia elétrica. Eles foram tenazes como tenazes ousamos ser toda vez que sugerimos medidas e correções para o bem de todos nós.
Não é confortável sugerir. Fácil não é. Incomoda. Suscita inimigos incomodados. Pode parecer mercantilização de sugestões, e por aí vai. Perturba os donos da verdade.
E assim foi em relação a Nicolau Copérnico e Galileu Galilei. A Terra é redonda, corajosamente bateram o pé. A afirmação abalou os alicerces das instituições e eles pagaram caro. Hoje, com exceção dos que curtem ser do contra, ou estraga prazeres, ou ainda simplesmente gozadores – ou provocadores -, a unanimidade é a Terra ser redonda. Ela é redonda. Uma subida de foguete, ali pertinho ao espaço, e estamos com a razão.
A terra sempre foi redonda. Lógico e intuitivo. Basta olhar para cima. Ver o sol aparecer e desaparecer dum lado e do outro e pronto! Dia após dia, e pronto. Querer nos fazer crer que fenícios, medas e persas; egípcios, gregos e romanos pensavam ser a terra plana é insanidade. No mínimo brincadeira.
Ainda estamos com os nossos pioneiros cassacos na cabeça. Voltamos a eles. Receberam um belo reconhecimento em forma de uma bela escultura em uma praça no centro de Paulo Afonso. Com o crescimento da cidade – que não murchou, feneceu ou acabou – ela se tornou pequena demais para a importância, repetimos, dos nossos pioneiros trabalhadores.
Então a praça e a escultura poderiam ser transplantadas para um local mais amplo e significativo. Ali em frente ao Mercadão Assaí seria uma opção. Rodeado de belas palmeiras, o local lhe falta alguma coisa. O Monumento ao Trabalhador supriria a carência e ampliaria o nosso reconhecimento. A visão seria perfeita para quem tenta entrar na “ilha” vindo do norte ou do sul.
Pedro do coronel Oséias sobreviveu e morreu de velho. Copérnico e Galileu escaparam da fúria dos incomodados. Sobreviveremos e escaparemos nós outros.
Francisco Nery Júnior
P.S.Antônio Carlos Magalhães, prefeito de Salvador, fez voltar o estilo barroco da fachada do prédio da Prefeitura Municipal, no Centro Histórico da capital, irresponsavelmente adulterada no início do século passado. Com uma série de ações precisas e revolucionárias como esta, conquistou a confiança dos baianos e, de quebra, os votos.
Parabéns Prof. Nery ótima sugestão, espero que não usem para fins politicos para mais uma vez enganarem o povo..
P.S.Antônio Carlos Magalhães, prefeito de Salvador, fez voltar o estilo barroco da fachada do prédio da Prefeitura Municipal, no Centro Histórico da capital, irresponsavelmente adulterada no início do século passado. Com uma série de ações precisas e revolucionárias como esta, conquistou a confiança dos baianos e, de quebra, os votos.