O Partido dos Trabalhadores (PT) aproveitou o feriado que celebra a morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, para ressaltar a traição do atual vice-presidente, Michel Temer (PMDB), ao governo de Dilma Rousseff. Em uma série de publicações nas mídias sociais, o PT compara Temer a Joaquim Silvério dos Reis, que delatou os integrantes da Inconfidência Mineira no século XVIII, levando à execução de Tiradentes.
"Em 21 de abril de 1792, Joaquim Silvério dos Reis traía os revoltosos e Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira. Em 2016, Michel Temer trai a democracia brasileira e os mais de 54 milhões de eleitores que votaram em Dilma Rousseff", diz uma das mensagens publicadas pelo PT.
Com a hashtag #TemerSilveriodosReis, as críticas do PT a Temer têm sido reforçadas por internautas nas redes sociais. No Twitter, uma das mensagens, que já tem mais de 300 replicações, afirma que é "uma data muito adequada para falar de traidores". Por causa da viagem da presidente Dilma à sede das Nações Unidas, em Nova York, Temer ocupa interinamente a Presidência da República até a volta da petista, que deve acontecer no domingo, 24.
Assessores do Planalto afirmam que Dilma aproveitará o discurso na ONU para "denunciar o golpe". A fala será às 9h40 desta sexta-feira, 22, horário de Brasília. Ela também deve conceder em Nova York pelo menos duas entrevistas à mídia estrangeira, nas quais pretende relatar que a democracia "está em perigo" no Brasil.
Nos últimos dias, Temer tem se encontrado com uma série de políticos do PMDB para articular uma estratégia de reação às críticas do PT e às acusações feitas por Dilma à imprensa internacional. As visitas, ocorridas na residência de Temer ou no seu escritório em São Paulo, incluíram os ex-ministros Moreira Franco, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e Eliseu Padilha (PMDB-RS), além do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Em entrevista ao Wall Street Journal, publicada mais cedo, Temer criticou as acusações de que esteja conspirando contra Dilma. "Ela tem dito que eu sou um conspirador, o que obviamente é algo triste para mim e para a Vice-Presidência da República", declarou. O peemedebista afirmou também que, no caso de impeachment de Dilma, "quando o tempo chegar, eu terei um gabinete na cabeça e, apenas nesse momento, irei revelar nomes", afirmou.