18 de abril de 2024

Emocionante história do casal de Paulo Afonso que tem filha com microcefalia volta ao site UOL

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Com o título: Por que o Brasil não segue outros países que desaconselham gravidez por risco de microcefalia, o portal UOL desta quarta-feira (27) utilizou mais uma vez a história do casal de Paulo Afonso-BA, Luciano e Suzana com a filha Ana Luiza para produção de mais uma reportagem sobre a epidemia de zika e o nascimento de bebês com microcefalia no Brasil. Segundo o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, 3.448 casos sendo investigados e 270 confirmados de microcefalia em bebês. Em Paulo Afonso existem cinco casos.

Em dezembro de 2015 o mesmo portal publicou a história da comerciante Suzana Bertolucci, 33, de Paulo Afonso (BA), que no terceiro mês de gestação contraiu o vírus zika emocionou o país. No mesmo mês, o Correio da Bahia também produziu matéria sobre a vida da pauloafonsina (veja AQUI)

‘Por que não comigo?’, a pergunta da comerciante de Paulo Afonso que emocionou o país. Acompanhe:

Os dois primeiros ultrassons não demonstraram danos neurológicos no bebê. Mas, poucas semanas antes do parto, um outro exame revelou a microcefalia e outras alterações no cérebro da menina.

"Nunca questionei por que isso está acontecendo comigo. Sempre coloco: por que não comigo. Sou casada há nove anos, mas nunca tinha tentado engravidar. Com medo da responsabilidade de se ter um filho, sempre adiava essa decisão. Usava pílula anticoncepcional, mas parei porque me dava enxaqueca. Passamos a usar camisinha, mas no dia 1º de janeiro foi sem mesmo.

No final de janeiro, descobri que estava grávida. Ficamos muito felizes. Comecei a fazer o pré¬natal e tudo corria bem. Em março, porém, meu corpo empelotou todo. Eram umas manchas vermelhas que coçavam muito. Achei que era alguma alergia alimentar. Fui para o hospital e lá me deram medicamentos antialérgicos.

(Reprodução Portal UOL)

Nos dias seguintes, várias pessoas na minha cidade [Paulo Afonso] começaram a ter os mesmos sintomas, manchas, coceira. Os médicos falavam em virose. Até então, ninguém suspeitava do vírus zika. Com 23, 24 semanas, fiz o ultrassom morfológico do segundo trimestre. Estava tudo certo, era uma menina, que felicidade.

Com 34 semanas, já caminhando para o fim da gravidez, fizemos um outro ultrassom. Resolvemos abrir o exame em casa, antes da consulta com a médica. O resultado deu microcefalia. Nem sabíamos o que era aquilo, fomos pesquisar no Google. Ficamos desesperados com o que vimos. Na consulta, a médica não esclareceu muita coisa mais.

Disse que apenas que a gente precisava ir para uma capital procurar ajuda de um neurologista, mas também não indicou ninguém. Uma amiga de Salvador conseguiu contato no Hospital Geral Roberto Santos e, em 15 dias, já estava passando em consulta com um especialista em medicina fetal. Foi aí que, pela primeira vez, soube de fato o que é a doença, os comprometimentos neurológicos e a possível ligação com o vírus.

Também soube que havia a possibilidade de ela nem sobreviver. Foi um baque. Ao mesmo tempo, coloquei na mão de Deus. Ela nasceu no dia 30 de setembro com o sistema nervoso bem afetado. Parte do cérebro está bem danificada com calcificações e aumento dos ventrículos. Mas, de resto, ela está bem. O teste do pezinho deu normal, o da orelhinha também. Ela ficou 30 dias na UTI semi¬intensiva porque teve várias convulsões.

Nesse período, chegávamos às 6h30 no hospital e só saíamos às 22h, quando ela dormia. O que eu mais queria na vida era ter a Ana Laura em casa, fora daquele ambiente estressante da UTI.

Não deu para amamentá-la no peito porque ela tinha dificuldades para mamar e respirar ao mesmo tempo. A fonoaudióloga preferiu que eu tirasse o leite e desse na mamadeira. E tem sido assim. Ela se alimenta bem, chora quando está com fome, troca o dia pela noite e se acalma quando eu canto uma musiquinha. Assim como qualquer outro bebê.

Deixei o meu trabalho [ela tem uma loja de calçados] para cuidar dela. Estou correndo atrás de todas as possibilidades de reabilitação, neuro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo. Sou confiante, acredito muito na minha filha. Não escuto mais nada sobre as deficiências, tento pensar no que ela pode conseguir. Os médicos dão um diagnóstico, mas Deus dá outro.

Nunca questionei por que isso está acontecendo comigo. Sempre coloco assim: por que não comigo?

Meu maior desespero era que minha filha não sobrevivesse. Não tenho vergonha dela. Pelo contrário, saio com ela nas ruas, não a escondo. Às vezes, os primeiros a terem preconceito são os próprios pais. Eu olho para a minha filha e vejo uma coisa linda, toda perfeitinha.

O casal Luciano e Suzana com a filha Ana Laura

O casal Luciano e Suzana com a filha Ana Luiza (Reprodução Portal UOL)

Na internet, só mostram coisas horríveis, crianças com deformidades muito sérias. Mas nem todos os casos são assim. Conheci uma senhora de 54 anos que tem microcefalia e outra criança que anda, fala. Depende muito do estímulo que recebem.

Admiro muito minha filha. É guerreira, lutou para sobreviver. Como pais, cabe a nós correr atrás de tudo o que ela precisar. Amor, carinho e estímulo a Ana terá de sobra.

 

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