28 de março de 2024

Hidrelétrica de Sobradinho pode parar por escassez de água

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O Lago da Barragem de Sobradinho tem a capacidade de acumular mais de 34 bilhões de metros cúbicos de água. É um dos maiores lagos artificiais do mundo, de água, ocupando uma área de 4.214 km² (equivalente a cerca de 14 vezes o volume da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro).

Em torno do lago, estão os municípios de Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Sobradinho, cujas antigas áreas urbanas foram inundadas, em 1974, durante a formação da represa. O impacto ambiental que se produziu, à época, é lembrado nos versos de uma canção bem conhecida no Brasil, compostos por um poeta da região.

Adeus, Remanso, Casa Nova, Sento-Sé.
Adeus, Pilão Arcado, vem o rio te engolir.
Debaixo de água lá se vai a vida inteira.
Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir.
Vai ter barragem no salto do Sobradinho,
e o povo vai-se embora com medo de se afogar.
O sertão vai virar mar.
Dá no coração
o medo que algum dia o mar também vire sertão (Guttemberg Guarabyra)

Doze mil famílias, ou cerca de 70 mil pessoas, foram então transferidas para novos assentamentos, que receberam os mesmos nomes das cidades submersas, cujas ruínas, durante os períodos de seca e redução do nível da água represada no lago, costumam reaparecer.

“Represa de Sobradinho: um reservatório estratégico”

Em um estudo disponibilizado na internet (reporterbrasil.org.br), publicado em 05/05/2008, João Suassuna, engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, destacava a condição estratégica deste reservatório de Sobradinho:

“Não fosse a construção dessa represa, seria muito difícil o equacionamento dos problemas de geração de energia no Nordeste. Para se ter uma idéia, em outubro de 1955 – ano considerado seco – o São Francisco registrou a sua menor vazão de 595 m³/s, em Juazeiro/Petrolina, tendo, por outro lado, registrado enchentes monumentais, como aquela ocorrida em 1979, na qual atingiu uma vazão de cerca de 18 mil m³/s, causando o vertimento de Sobradinho, fato que assustou boa parte da população local.

Ao se analisar o regime hidrológico da represa de Sobradinho desde a época de sua inauguração, principalmente no tocante à sua acumulação volumétrica (volumes máximos e mínimos anuais), pode-se constatar que, no período compreendido entre 1978 e 1986, os anos foram hidrologicamente satisfatórios em termos de precipitações, tendo havido acumulações significativas e, em vários deles, a represa veio a sangrar. Igual característica foi observada nos períodos subseqüentes de 1990 a 1994; de 1997 a 1998 e de 2004 a 2007.

Períodos críticos de secas também são recorrentes em Sobradinho. Eles ocorreram de forma marcante entre 1987 e 1989, entre 1995 e 1996 e entre 1999 e 2003. Nesses casos, a represa acumulou apenas metade de sua capacidade útil. Em 2001, atingiu apenas 5% dessa capacidade.” (Por João Suassuna, engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, em 05/05/08)

A escassez de água no Nordeste e nos afluentes do rio São Francisco levou o reservatório de Sobradinho neste ano de 2015 a uma das situações mais delicadas dos últimos anos. A vazão que saía de Sobradinho para manter funcionando todo o complexo de produção de energia elétrica pela Chesf, que era de 2060 metros cúbicos por segundo, foi sendo reduzido e nos últimos meses chegou a apenas 900 metros cúbicos e deve baixar para 800 metros cúbicos por segundo.

Com isso, muitas das usinas hidrelétricas instaladas entre Sobradinho e Xingó tiveram a sua capacidade de produção de energia elétrica reduzida a algumas centenas de megawatts e já foi o tempo em que essa produção era de cerca de 10 mil megawtts, cerca de 95% de origem hidráulica, do rio São Francisco. Em Sobradinho, das seis máquinas apenas duas funcionam com a capacidade reduzida, produzindo 170 megawatts quando a capacidade instalada é de 1.050 MW. Estas duas máquinas podem deixar de funcionar se as águas da barragem de Sobradinho chegarem ao volume morto.

Em Itaparica, a geração também é mínima. Em Paulo Afonso, onde estão cinco grandes usinas hidrelétricas – Apolônio Sales, Paulo Afonso I, II, III e IV, que juntas produzem mais de 4 mil MW, somente duas máquinas da Usina PA-IV estão funcionando, assim como na Usina Hidrelétrica de Xingó.

O problema da escassez de águas no reservatório de Sobradinho tem sido destaque na mídia nacional e matéria dos principais jornais da TV e na imprensa regional. Em entrevista ao jornal Folha Sertaneja, ainda em Julho de 2015, o diretor de operação da Chesf, Eng José Ailton, respondeu a esta pergunta do FS: E se não chover em Novembro?

“Nós não vamos trabalhar com essa hipótese catastrófica. No período úmido sempre chove alguma coisa. Historicamente não existe nenhuma condição em que nunca tenha chovido. Pode chover pouco mas sempre chove então, a gente acredita que quando chegar em Novembro, a gente pode até atravessar outro ano de dificuldade mas, isso não é possível prever hoje, e aí a gente vai administrar do jeito que der…” e completou: Esse é o quadro atual. A Chesf vem fazendo este esforço para a redução da vazão, o que foi, evidentemente realizado com a aprovação dos órgãos de controle como IBAMA, ANA, ANEEL”.

O site Pernambuco 247 publicou, no sábado, dia 26 de Dezembro de 2015 às 15:48 a seguinte matéria:
Reservatório da Usina de Sobradinho, considerado um dos maiores lagos artificiais do mundo, praticamente alcançou o volume morto, chegando a apenas 2% de seu volume útil, o menor nível já registrado pela represa; previsão era que o lago de Sobradinho alcançasse o volume morto ainda em dezembro, o que não aconteceu devido às chuvas que caíram no Norte de Minas Gerais e na Bahia; chuvas elevaram o nível do reservatório de 1% para 1,98%, na primeira alteração positiva ao longo de todo o ano de 2015

O reservatório da Usina de Sobradinho, considerado um dos maiores lagos artificiais do mundo e que é abastecido pelas águas do Rio São Francisco, praticamente alcançou o volume morto, chegando a apenas 2% de seu volume útil, o menor nível já registrado pela represa.

A Previsão era que o lago de Sobradinho alcança��������+�� ��

O Lago da Barragem de Sobradinho tem a capacidade de acumular mais de 34 bilhões de metros cúbicos de água. É um dos maiores lagos artificiais do mundo, de água, ocupando uma área de 4.214 km² (equivalente a cerca de 14 vezes o volume da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro).

Em torno do lago, estão os municípios de Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Sobradinho, cujas antigas áreas urbanas foram inundadas, em 1974, durante a formação da represa. O impacto ambiental que se produziu, à época, é lembrado nos versos de uma canção bem conhecida no Brasil, compostos por um poeta da região.

Adeus, Remanso, Casa Nova, Sento-Sé.
Adeus, Pilão Arcado, vem o rio te engolir.
Debaixo de água lá se vai a vida inteira.
Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir.
Vai ter barragem no salto do Sobradinho,
e o povo vai-se embora com medo de se afogar.
O sertão vai virar mar.
Dá no coração
o medo que algum dia o mar também vire sertão (Guttemberg Guarabyra)

Doze mil famílias, ou cerca de 70 mil pessoas, foram então transferidas para novos assentamentos, que receberam os mesmos nomes das cidades submersas, cujas ruínas, durante os períodos de seca e redução do nível da água represada no lago, costumam reaparecer.

“Represa de Sobradinho: um reservatório estratégico”

Em um estudo disponibilizado na internet (reporterbrasil.org.br), publicado em 05/05/2008, João Suassuna, engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, destacava a condição estratégica deste reservatório de Sobradinho:

“Não fosse a construção dessa represa, seria muito difícil o equacionamento dos problemas de geração de energia no Nordeste. Para se ter uma idéia, em outubro de 1955 – ano considerado seco – o São Francisco registrou a sua menor vazão de 595 m³/s, em Juazeiro/Petrolina, tendo, por outro lado, registrado enchentes monumentais, como aquela ocorrida em 1979, na qual atingiu uma vazão de cerca de 18 mil m³/s, causando o vertimento de Sobradinho, fato que assustou boa parte da popula&cced

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