28 de março de 2024

Prefeitura persegue gente humilde: ‘Eu ganhava R$ 1.300 por mês, estou sem nada hoje’, diz vendedora de acarajé

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Perambulando com seus quitutes ia a vendedora de acarajé dona Lúcia, de um canto para outro, desde 2012, até que enfim, o secretário de serviço públicos, Paulo Mergulhão, seguindo os rigores da lei – que vale para uns e outros não – deixou-a junto com seus cinco filhos com fome.

“Eu quero ter uma vida honesta né?, batalhando, sou mãe de família, tenho cinco filhos, cinco netos e meus filhos estão desempregados, essa era minha sobrevivência”, explicou dona Lúcia ao Programa Radar 98, da Delmiro FM, nesta tarde.

Segundo informou dona Lúcia, desde 2012 ela anda atrás de um alvará que determine uma vaga para trabalhar:

“Dei entrada e eles estão com meu alvará por lá até hoje, não me deram solução nenhuma, coloquei a minha barraca perto da minha casa, eles disseram que não podia, eu entendi, então desci e fiquei lá embaixo – na rotatória da Construvale – eles me disseram que ali seria provisório e que me arrumariam um lugar, e na última sexta-feira (26), o Paulo Mergulhão veio e disse: “Com essa barraca você não trabalha em lugar nenhum”, desabafa a vendedora de acarajé.

Perseguir pessoas humildes não é uma tarefa muito difícil, o que a vendedora faria diante de um todo poderoso secretário?

Como Paulo Mergulhão, a serviço da prefeitura é uma pessoa muito sensível, pos dona Lúcia, uma vendedora de acarajé, numa barraca de vender tomate e cebola. “Fui tão rebaixada e ainda me puseram para vender acarajé numa barraca de vender tomate e cebola.”

“Por que o senhor está me colocando num lugar que não tem baiana lá dentro?, perguntou dona Lúcia, Paulo respondeu: “É o que tem, e nem adianta recorrer”.

Após ação da prefeitura, barraca do acarajé foi abandona num canto da casa e a família da vendedora está passando necessidade

Esse trecho revolta, por mais que se pretenda imparcialidade, afinal somos filhos e mães, e como é sabido, esta administração não gera empregos, e por isso mesmo, diante das dificuldades de milhares de famílias, deveria, antes de tudo, elaborar um projeto que comportasse de forma viável esses vendedores ambulantes, antes de removê-los impiedosamente de seus respectivos lugares.

Sem Bolsa Família, os R$ 1.300 reais que a vendedora conseguia por mês era sua única fonte de renda para dar conta das contas de água, luz, aluguel, a comida dos filhos e à mercadoria, quando foi retirada o prejuízo inicial foi de R$ 700 reais.

Dona Lúcia lamenta não poder trabalhar honestamente para sustentar a família

Vale registrar que desse pontinho, de forma indireta dona Lúcia ajudava mais cinco pessoas: “Eram pessoas que eu encontrei aqui dentro de Paulo Afonso desempregadas que não tinham do quê sobreviver e com essa renda eu os ajudava.”

A solidariedade de gente honesta: “Estão meu filho dizendo que assinam abaixo-assinado, porque meus clientes são meus filhos e se compadecem da minha situação.”

A lei para uns – Segundo informou o repórter Carlos Alexandre, em frente ao Hospital Municipal uma vendedora de tapiocas foi retirada, porque não poderia ficar no local, porém, do outro lado, uma colega, que também vende, mas é amiga de um vereador, continuou sem ser perturbada.

No tabuleiro da baiana tem: vatapá/ carurú/ mungunzá…

Antes de ser uma vendedora, na Bahia, as baianas do acarajé, são Patrimônio Imaterial do Estado, será que alguém na prefeitura municipal sabe disso? São eficientes para tirar o pão dos pobres, deveriam ler a cartilha do estado. Estão estas mulheres com a comida de origem escrava, do tempo do Ioiô e da Sinhá.

A atitude da prefeitura contra a baiana gerou revolta em um dos ouvintes do Radar 89: "Isso é falta de amor no coração"

Mas hoje estamos felizmente num mundo, supostamente melhor, onde saímos nas primeiras horas do dia procurando em pé de igualdade, as mesmas oportunidades, para escapar à prostituição, às drogas e aos vícios.

Nada disso Ary Barroso, no tabuleiro da baiana de Paulo Afonso só tem “desespero”, “sofrimento”, “perseguição”, “desamparo” “Prejuízo” e agora, se os amigos não socorrerem, fome.

“Eu que não creio/ peço a Deus por minha gente/ é gente humilde/ que vontade/ de chorar.”

Marcelo da UNEB disse: "Conheço a garra dessa senhora aí, batalhadora, vem sofrendo aqui em Paulo Afonso" 

Ouça no link abaixo a íntegra da entrevista com "Dona Lúcia" no programa "Radar 89", na Delmiro FM:

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