30 de outubro de 2024

Morre o ex-cangaceiro Moreno, aos 100 anos

Por

ANTÔNIO IGNÁCIO, O FUTURO CANGACEIRO MORENO E A EPOPÉIA DE UM PEREGRINO.


Dia 01 de novembro de 1909, nasceu Antônio Ignácio da Silva, em Tacaratú, Pernambuco. Filho de Manuel Ignácio da Silva e Maria Joaquina de Jesus. Antônio foi batizado em Mata Grande, Alagoas, no dia 06 de março de 1910, portanto quatro meses e cinco dias depois de nascido. Os padrinhos de batismo foram Martinho Affonso Leite e Joaquina Maria da Conceição. Quem realizou o batismo foi o vigário Manoel Firmino Pinheiro.


Manuel Ignácio e sua esposa tiveram dez filhos, sendo quatro homens e seis mulheres: Floro Ignácio da Silva, Otaviano Ignácio da Silva, Justo Ignácio da Silva, José (Jacaré) Ignácio da Silva, Firmina (Minô) Maria da Conceição, Maria São Pedro, Minervina Maria da Conceição, Técula (Santa) Maria da Conceição e Maria José da Conceição.


Manuel teve que mudar-se de Tacaratú, por ter praticado um crime, levando toda sua família, estando Antônio Ignácio com poucos anos de nascido. O destino escolhido por Manuel Ignácio para se esconder, foi Brejo Santo, Ceará, por já ter alguns familiares nesta cidade.


Em Brejo Santo, a família ficou por muitos anos. Antonio Ignácio aprendeu a ler com o professor Manuel da Paz. Maria José casou-se com Manuel Basil, tendo com ele, duas filhas: Edite e Alexandrina.


Maria José viria a separar-se depois e voltaria a morar em Tacaratú, onde se casou novamente, desta vez com Manoel Miguel. Manuel Ignácio tinha inclinações musicais e dele veio o incentivo que motivou os filhos a tocarem alguns instrumentos. Maria José tocava violão e cantava. Otaviano dedilhava com perfeição, as cordas de um cavaquinho e também tinha uma excelente voz. José tocava rabeca e fazia versos rimados. Antônio tocava pé de cabra, um tipo de sanfona pequena muito utilizada no nordeste, principalmente nas décadas de vinte e trinta.


José ganhou o apelido de Jacaré por gostar de cantar, repetidas vezes, esta velha cantiga: “Jacaré diz que tem


Uma cama e um sofá


É mentira de Jacaré


Ele quer se casar


Deixa estar Jacaré


A lagoa é de secar


Depois da lagoa seca


Quero ver Jacaré nadar”.


Em Brejo Santo, Jacaré formou um grupo, que dizem , andou aterrorizando as pessoas e teve que fugir junto com o amigo Róseo Moraes, depois de um forte cerco policial, indo encontrar guarida na cidade alagoana de Piranhas, ao lado do coronel José Rodrigues, desafeto de Delmiro Gouveia. Jacaré casou com Maria Lima, uma moça de Água Branca, Alagoas, que trabalhava na tecelagem da Fábrica da Pedra.


Quando da morte de Delmiro Gouveia, Jacaré e Róseo Moraes foram acusados como sendo os matadores deste grande e ilustre Sertanejo. Com a repercussão do crime Jacaré fugiu pra Brejo Santo, ficando sob a proteção do major Zé Inácio. O major quando ficou sabendo do crime, comunicou as autoridades piranhenses, sobre o paradeiro de Jacaré.


A prisão do acusado não se demorou e enquanto era recambiado do Ceará para Alagoas, na divisa do Ceará com Pernambuco, nas imediações de São José do Belmonte, Jacaré foi friamente assassinado, como queima de arquivos que talvez denunciasse homens importantes da sociedade, como mandante do crime daquele que viria a ser um dos maiores progressistas do Sertão Nordestino.


Antes de ser transferido, Jacaré mandou um bilhete para o pai, que trazia a seguinte quadra:


“Yone é Lionely


O perverso traidor


Eu vingo e vingarei


Seja lá em quem for”.


Uma velha quadrinha ainda é lembrada por pessoas que viveram aquele período:


“Mataram Delmiro Gouveia


Como quem mata um preá


Pegaram o Jacaré


No caminho de Propriá”.


Sem que se tenha certeza do crime, Jacaré pagou com a vida, a vida de um sertanejo valioso e eternizado por suas obras referenciais e dignas de elogios e considerações.


Maria José, depois que se separou do primeiro marido, casou novamente com um rapaz de Tacaratú e veio residir novamente nesta cidade, onde tocava e cantava na igreja.


Antônio Ignácio, com 16 anos de idade, voltou pra Tacaratú e ficou morando algum tempo com a irmã Maria José. Na sua cidade natal Antônio envolveu-se em uma confusão (que não conseguimos colher dele qual havia sido o problema) e teve que sair da cidade, retornando para Brejo Santo e de lá, seguindo para Missão Velha, próximo a Juazeiro, Ceará, onde pretendia ser policial. Quando Antônio chegou a Barbalha, um rapaz falou que ele não poderia ser policial, pois ele era menor de idade. O sonho estava adiado.


Antônio seguiu sem rumo certo, chegando a Cajazeira do Rio do Peixe, Paraíba. Nesta cidade ele foi preso por ter sido confundido com o cangaceiro Volta Seca e só foi liberado depois que constataram que ele não fazia parte do cangaço.


Saindo de Cajazeira do Rio do Peixe, andando aproximadamente trinta e seis quilômetros, encontrou uma fazenda onde pediu guarida e conseguiu emprego na plantação de um roçado.


O dono da fazenda, um senhor chamado André, era negociador de peles, que as revendia em Rio Branco, Pernambuco (hoje Arcoverde). Na fazenda de André, uma sobrinha do proprietário era encarregada da ordenha do leite dos animais.


Essa jovem enamorou-se de Antônio e o convidou para ir um dia tomar leite com ela. Antônio respondeu que só poderia ser no domingo que era seu dia de folga.


Uma agregada de André, chamada Antoninha, notando a aproximação dos dois jovens, chamou Antônio e falou para que ele tivesse cuidado, pois a sobrinha do patrão não era mais virgem e tinha “se perdido” em troca de uma novilha de gado.


Com o intuito de se fazer confusão, Antoninha falou para o patrão André que Antônio andava comentando que a sobrinha dele não era mais virgem. André procurou Antônio para esclarecer os fatos:


– Antônio, Antoninha me disse que você anda dizendo que minha sobrinha não é mais moça?


– Olha André, quem me contou foi sua agregada. Eu sou chegante aqui de pouco tempo e como é que eu ia saber de uma conversa dessa? Eu não saio de sua casa!


– Pois olhe, quando for no finalzinho da tarde e eu for liberar o pessoal do serviço, ela vai estar lá e aí a gente vai esclarecer esta conversa, ela vai ter que provar isto!


Antônio concluiu sua tarefa diária e ao entardecer, como combinado, se dirigiu a casa de André. Quando Antônio chegou à fazenda, o alpendre da residência estava repleto de gente, entre as pessoas encontravam-se os pais da moça, a agregada Antoninha, um funcionário da fazenda chamado Nêzero, o proprietário André e seu irmão Ananias. Quando Antônio foi se aproximando, Antoninha se adiantou e perguntou:


– Hô seu Zé, que história foi essa que você foi contar pra André?


– Aquela que você me contou!


– Mentira sua!


– Dona Antoninha eu não sou homem de mentira. A senhora fala a verdade, não venha jogar a culpa pra mim não, eu tô chegando de pouco tempo e não sei do procedimento da moça não!


– É mentira sua!


Neste momento Antônio perdeu a cabeça e esmurrou a orelha de Antoninha, que caiu de imediato. O marido de Antoninha investiu contra Antônio que sacou uma faca peixeira e a cravou no peito do rapaz. O marido de Antoninha caiu junto a esposa, se estrebuchando e poucos segundos depois morreu.


Moreno ainda empunhando a faca ensangüentada advertiu:


– Aqui agora, eu só conheço como amigo, aquele que não se encostar perto de mim! André, diante do choro desesperado de Antoninha, desabafou:


– Quem matou seu marido foi você mesmo, com o danado do seu fuxico!


Antônio pediu pra jogarem suas roupas fora que ele queria fugir. Nêzero deu um sinal pra Antônio e foram se encontrar em um ponto logo adiante:


– André vai pagar a você!


– Não, eu só quero minhas tralhas que estão ai!


Nêzero foi buscar as roupas de Antônio e este seguiu sua viagem, levando nas costas o peso de um crime cometido, acontecido diante de uma das maiores pragas que assolou o Sertão Nordestino: “o Fuxico”.


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ANTÔNIO IGNÁCIO, O FUTURO CANGACEIRO MORENO E A EPOPÉIA DE UM PEREGRINO.


Dia 01 de novembro de 1909, nasceu Antônio Ignácio da Silva, em Tacaratú, Pernambuco. Filho de Manuel Ignácio da Silva e Maria Joaquina de Jesus. Antônio foi batizado em Mata Grande, Alagoas, no dia 06 de março de 1910, portanto quatro meses e cinco dias depois de nascido. Os padrinhos de batismo foram Martinho Affonso Leite e Joaquina Maria da Conceição. Quem realizou o batismo foi o vigário Manoel Firmino Pinheiro.


Manuel Ignácio e sua esposa tiveram dez filhos, sendo quatro homens e seis mulheres: Floro Ignácio da Silva, Otaviano Ignácio da Silva, Justo Ignácio da Silva, José (Jacaré) Ignácio da Silva, Firmina (Minô) Maria da Conceição, Maria São Pedro, Minervina Maria da Conceição, Técula (Santa) Maria da Conceição e Maria José da Conceição.


Manuel teve que mudar-se de Tacaratú, por ter praticado um crime, levando toda sua família, estando Antônio Ignácio com poucos anos de nascido. O destino escolhido por Manuel Ignácio para se esconder, foi Brejo Santo, Ceará, por já ter alguns familiares nesta cidade.


Em Brejo Santo, a família ficou por muitos anos. Antonio Ignácio aprendeu a ler com o professor Manuel da Paz. Maria José casou-se com Manuel Basil, tendo com ele, duas filhas: Edite e Alexandrina.


Maria José viria a separar-se depois e voltaria a morar em Tacaratú, onde se casou novamente, desta vez com Manoel Miguel. Manuel Ignácio tinha inclinações musicais e dele veio o incentivo que motivou os filhos a tocarem alguns instrumentos. Maria José tocava violão e cantava. Otaviano dedilhava com perfeição, as cordas de um cavaquinho e também tinha uma excelente voz. José tocava rabeca e fazia versos rimados. Antônio tocava pé de cabra, um tipo de sanfona pequena muito utilizada no nordeste, principalmente nas décadas de vinte e trinta.


José ganhou o apelido de Jacaré por gostar de cantar, repetidas vezes, esta velha cantiga: “Jacaré diz que tem


Uma cama e um sofá


É mentira de Jacaré


Ele quer se casar


Deixa estar Jacaré


A lagoa é de secar


Depois da lagoa seca


Quero ver Jacaré nadar”.


Em Brejo Santo, Jacaré formou um grupo, que dizem , andou aterrorizando as pessoas e teve que fugir junto com o amigo Róseo Moraes, depois de um forte cerco policial, indo encontrar guarida na cidade alagoana de Piranhas, ao lado do coronel José Rodrigues, desafeto de Delmiro Gouveia. Jacaré casou com Maria Lima, uma moça de Água Branca, Alagoas, que trabalhava na tecelagem da Fábrica da Pedra.


Quando da morte de Delmiro Gouveia, Jacaré e Róseo Moraes foram acusados como sendo os matadores deste grande e ilustre Sertanejo. Com a repercussão do crime Jacaré fugiu pra Brejo Santo, ficando sob a proteção do major Zé Inácio. O major quando ficou sabendo do crime, comunicou as autoridades piranhenses, sobre o paradeiro de Jacaré.


A prisão do acusado não se demorou e enquanto era recambiado do Ceará para Alagoas, na divisa do Ceará com Pernambuco, nas imediações de São José do Belmonte, Jacaré foi friamente assassinado, como queima de arquivos que talvez denunciasse homens importantes da sociedade, como mandante do crime daquele que viria a ser um dos maiores progressistas do Sertão Nordestino.


Antes de ser transferido, Jacaré mandou um bilhete para o pai, que trazia a seguinte quadra:


“Yone é Lionely


O perverso traidor


Eu vingo e vingarei


Seja lá em quem for”.


Uma velha quadrinha ainda é lembrada por pessoas que viveram aquele período:


“Mataram Delmiro Gouveia


Como quem mata um preá


Pegaram o Jacaré


No caminho de Propriá”.


Sem que se tenha certeza do crime, Jacaré pagou com a vida, a vida de um sertanejo valioso e eternizado por suas obras referenciais e dignas de elogios e considerações.


Maria José, depois que se separou do primeiro marido, casou novamente com um rapaz de Tacaratú e veio residir novamente nesta cidade, onde tocava e cantava na igreja.


Antônio Ignácio, com 16 anos de idade, voltou pra Tacaratú e ficou morando algum tempo com a irmã Maria José. Na sua cidade natal Antônio envolveu-se em uma confusão (que não conseguimos colher dele qual havia sido o problema) e teve que sair da cidade, retornando para Brejo Santo e de lá, seguindo para Missão Velha, próximo a Juazeiro, Ceará, onde pretendia ser policial. Quando Antônio chegou a Barbalha, um rapaz falou que ele não poderia ser policial, pois ele era menor de idade. O sonho estava adiado.


Antônio seguiu sem rumo certo, chegando a Cajazeira do Rio do Peixe, Paraíba. Nesta cidade ele foi preso por ter sido confundido com o cangaceiro Volta Seca e só foi liberado depois que constataram que ele não fazia parte do cangaço.


Saindo de Cajazeira do Rio do Peixe, andando aproximadamente trinta e seis quilômetros, encontrou uma fazenda onde pediu guarida e conseguiu emprego na plantação de um roçado.


O dono da fazenda, um senhor chamado André, era negociador de peles, que as revendia em Rio Branco, Pernambuco (hoje Arcoverde). Na fazenda de André, uma sobrinha do proprietário era encarregada da ordenha do leite dos animais.


Essa jovem enamorou-se de Antônio e o convidou para ir um dia tomar leite com ela. Antônio respondeu que só poderia ser no domingo que era seu dia de folga.


Uma agregada de André, chamada Antoninha, notando a aproximação dos dois jovens, chamou Antônio e falou para que ele tivesse cuidado, pois a sobrinha do patrão não era mais virgem e tinha “se perdido” em troca de uma novilha de gado.


Com o intuito de se fazer confusão, Antoninha falou para o patrão André que Antônio andava comentando que a sobrinha dele não era mais virgem. André procurou Antônio para esclarecer os fatos:


– Antônio, Antoninha me disse que você anda dizendo que minha sobrinha não é mais moça?


– Olha André, quem me contou foi sua agregada. Eu sou chegante aqui de pouco tempo e como é que eu ia saber de uma conversa dessa? Eu não saio de sua casa!


– Pois olhe, quando for no finalzinho da tarde e eu for liberar o pessoal do serviço, ela vai estar lá e aí a gente vai esclarecer esta conversa, ela vai ter que provar isto!


Antônio concluiu sua tarefa diária e ao entardecer, como combinado, se dirigiu a casa de André. Quando Antônio chegou à fazenda, o alpendre da residência estava repleto de gente, entre as pessoas encontravam-se os pais da moça, a agregada Antoninha, um funcionário da fazenda chamado Nêzero, o proprietário André e seu irmão Ananias. Quando Antônio foi se aproximando, Antoninha se adiantou e perguntou:


– Hô seu Zé, que história foi essa que você foi contar pra André?


– Aquela que você me contou!


– Mentira sua!


– Dona Antoninha eu não sou homem de mentira. A senhora fala a verdade, não venha jogar a culpa pra mim não, eu tô chegando de pouco tempo e não sei do procedimento da moça não!


– É mentira sua!


Neste momento Antônio perdeu a cabeça e esmurrou a orelha de Antoninha, que caiu de imediato. O marido de Antoninha investiu contra Antônio que sacou uma faca peixeira e a cravou no peito do rapaz. O marido de Antoninha caiu junto a esposa, se estrebuchando e poucos segundos depois morreu.


Moreno ainda empunhando a faca ensangüentada advertiu:


– Aqui agora, eu só conheço como amigo, aquele que não se encostar perto de mim! André, diante do choro desesperado de Antoninha, desabafou:


– Quem matou seu marido foi você mesmo, com o danado do seu fuxico!


Antônio pediu pra jogarem suas roupas fora que ele queria fugir. Nêzero deu um sinal pra Antônio e foram se encontrar em um ponto logo adiante:


– André vai pagar a você!


– Não, eu só quero minhas tralhas que estão ai!


Nêzero foi buscar as roupas de Antônio e este seguiu sua viagem, levando nas costas o peso de um crime cometido, acontecido diante de uma das maiores pragas que assolou o Sertão Nordestino: “o Fuxico”.


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ANTÔNIO IGNÁCIO, O FUTURO CANGACEIRO MORENO E A EPOPÉIA DE UM PEREGRINO.


Dia 01 de novembro de 1909, nasceu Antônio Ignácio da Silva, em Tacaratú, Pernambuco. Filho de Manuel Ignácio da Silva e Maria Joaquina de Jesus. Antônio foi batizado em Mata Grande, Alagoas, no dia 06 de março de 1910, portanto quatro meses e cinco dias depois de nascido. Os padrinhos de batismo foram Martinho Affonso Leite e Joaquina Maria da Conceição. Quem realizou o batismo foi o vigário Manoel Firmino Pinheiro.


Manuel Ignácio e sua esposa tiveram dez filhos, sendo quatro homens e seis mulheres: Floro Ignácio da Silva, Otaviano Ignácio da Silva, Justo Ignácio da Silva, José (Jacaré) Ignácio da Silva, Firmina (Minô) Maria da Conceição, Maria São Pedro, Minervina Maria da Conceição, Técula (Santa) Maria da Conceição e Maria José da Conceição.


Manuel teve que mudar-se de Tacaratú, por ter praticado um crime, levando toda sua família, estando Antônio Ignácio com poucos anos de nascido. O destino escolhido por Manuel Ignácio para se esconder, foi Brejo Santo, Ceará, por já ter alguns familiares nesta cidade.


Em Brejo Santo, a família ficou por muitos anos. Antonio Ignácio aprendeu a ler com o professor Manuel da Paz. Maria José casou-se com Manuel Basil, tendo com ele, duas filhas: Edite e Alexandrina.


Maria José viria a separar-se depois e voltaria a morar em Tacaratú, onde se casou novamente, desta vez com Manoel Miguel. Manuel Ignácio tinha inclinações musicais e dele veio o incentivo que motivou os filhos a tocarem alguns instrumentos. Maria José tocava violão e cantava. Otaviano dedilhava com perfeição, as cordas de um cavaquinho e também tinha uma excelente voz. José tocava rabeca e fazia versos rimados. Antônio tocava pé de cabra, um tipo de sanfona pequena muito utilizada no nordeste, principalmente nas décadas de vinte e trinta.


José ganhou o apelido de Jacaré por gostar de cantar, repetidas vezes, esta velha cantiga: “Jacaré diz que tem


Uma cama e um sofá


É mentira de Jacaré


Ele quer se casar


Deixa estar Jacaré


A lagoa é de secar


Depois da lagoa seca


Quero ver Jacaré nadar”.


Em Brejo Santo, Jacaré formou um grupo, que dizem , andou aterrorizando as pessoas e teve que fugir junto com o amigo Róseo Moraes, depois de um forte cerco policial, indo encontrar guarida na cidade alagoana de Piranhas, ao lado do coronel José Rodrigues, desafeto de Delmiro Gouveia. Jacaré casou com Maria Lima, uma moça de Água Branca, Alagoas, que trabalhava na tecelagem da Fábrica da Pedra.


Quando da morte de Delmiro Gouveia, Jacaré e Róseo Moraes foram acusados como sendo os matadores deste grande e ilustre Sertanejo. Com a repercussão do crime Jacaré fugiu pra Brejo Santo, ficando sob a proteção do major Zé Inácio. O major quando ficou sabendo do crime, comunicou as autoridades piranhenses, sobre o paradeiro de Jacaré.


A prisão do acusado não se demorou e enquanto era recambiado do Ceará para Alagoas, na divisa do Ceará com Pernambuco, nas imediações de São José do Belmonte, Jacaré foi friamente assassinado, como queima de arquivos que talvez denunciasse homens importantes da sociedade, como mandante do crime daquele que viria a ser um dos maiores progressistas do Sertão Nordestino.


Antes de ser transferido, Jacaré mandou um bilhete para o pai, que trazia a seguinte quadra:


“Yone é Lionely


O perverso traidor


Eu vingo e vingarei


Seja lá em quem for”.


Uma velha quadrinha ainda é lembrada por pessoas que viveram aquele período:


“Mataram Delmiro Gouveia


Como quem mata um preá


Pegaram o Jacaré


No caminho de Propriá”.


Sem que se tenha certeza do crime, Jacaré pagou com a vida, a vida de um sertanejo valioso e eternizado por suas obras referenciais e dignas de elogios e considerações.


Maria José, depois que se separou do primeiro marido, casou novamente com um rapaz de Tacaratú e veio residir novamente nesta cidade, onde tocava e cantava na igreja.


Antônio Ignácio, com 16 anos de idade, voltou pra Tacaratú e ficou morando algum tempo com a irmã Maria José. Na sua cidade natal Antônio envolveu-se em uma confusão (que não conseguimos colher dele qual havia sido o problema) e teve que sair da cidade, retornando para Brejo Santo e de lá, seguindo para Missão Velha, próximo a Juazeiro, Ceará, onde pretendia ser policial. Quando Antônio chegou a Barbalha, um rapaz falou que ele não poderia ser policial, pois ele era menor de idade. O sonho estava adiado.


Antônio seguiu sem rumo certo, chegando a Cajazeira do Rio do Peixe, Paraíba. Nesta cidade ele foi preso por ter sido confundido com o cangaceiro Volta Seca e só foi liberado depois que constataram que ele não fazia parte do cangaço.


Saindo de Cajazeira do Rio do Peixe, andando aproximadamente trinta e seis quilômetros, encontrou uma fazenda onde pediu guarida e conseguiu emprego na plantação de um roçado.


O dono da fazenda, um senhor chamado André, era negociador de peles, que as revendia em Rio Branco, Pernambuco (hoje Arcoverde). Na fazenda de André, uma sobrinha do proprietário era encarregada da ordenha do leite dos animais.


Essa jovem enamorou-se de Antônio e o convidou para ir um dia tomar leite com ela. Antônio respondeu que só poderia ser no domingo que era seu dia de folga.


Uma agregada de André, chamada Antoninha, notando a aproximação dos dois jovens, chamou Antônio e falou para que ele tivesse cuidado, pois a sobrinha do patrão não era mais virgem e tinha “se perdido” em troca de uma novilha de gado.


Com o intuito de se fazer confusão, Antoninha falou para o patrão André que Antônio andava comentando que a sobrinha dele não era mais virgem. André procurou Antônio para esclarecer os fatos:


– Antônio, Antoninha me disse que você anda dizendo que minha sobrinha não é mais moça?


– Olha André, quem me contou foi sua agregada. Eu sou chegante aqui de pouco tempo e como é que eu ia saber de uma conversa dessa? Eu não saio de sua casa!


– Pois olhe, quando for no finalzinho da tarde e eu for liberar o pessoal do serviço, ela vai estar lá e aí a gente vai esclarecer esta conversa, ela vai ter que provar isto!


Antônio concluiu sua tarefa diária e ao entardecer, como combinado, se dirigiu a casa de André. Quando Antônio chegou à fazenda, o alpendre da residência estava repleto de gente, entre as pessoas encontravam-se os pais da moça, a agregada Antoninha, um funcionário da fazenda chamado Nêzero, o proprietário André e seu irmão Ananias. Quando Antônio foi se aproximando, Antoninha se adiantou e perguntou:


– Hô seu Zé, que história foi essa que você foi contar pra André?


– Aquela que você me contou!


– Mentira sua!


– Dona Antoninha eu não sou homem de mentira. A senhora fala a verdade, não venha jogar a culpa pra mim não, eu tô chegando de pouco tempo e não sei do procedimento da moça não!


– É mentira sua!


Neste momento Antônio perdeu a cabeça e esmurrou a orelha de Antoninha, que caiu de imediato. O marido de Antoninha investiu contra Antônio que sacou uma faca peixeira e a cravou no peito do rapaz. O marido de Antoninha caiu junto a esposa, se estrebuchando e poucos segundos depois morreu.


Moreno ainda empunhando a faca ensangüentada advertiu:


– Aqui agora, eu só conheço como amigo, aquele que não se encostar perto de mim! André, diante do choro desesperado de Antoninha, desabafou:


– Quem matou seu marido foi você mesmo, com o danado do seu fuxico!


Antônio pediu pra jogarem suas roupas fora que ele queria fugir. Nêzero deu um sinal pra Antônio e foram se encontrar em um ponto logo adiante:


– André vai pagar a você!


– Não, eu só quero minhas tralhas que estão ai!


Nêzero foi buscar as roupas de Antônio e este seguiu sua viagem, levando nas costas o peso de um crime cometido, acontecido diante de uma das maiores pragas que assolou o Sertão Nordestino: “o Fuxico”.


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Dia 01 de novembro de 1909, nasceu Antônio Ignácio da Silva, em Tacaratú, Pernambuco. Filho de Manuel Ignácio da Silva e Maria Joaquina de Jesus. Antônio foi batizado em Mata Grande, Alagoas, no dia 06 de março de 1910, portanto quatro meses e cinco dias depois de nascido. Os padrinhos de batismo foram Martinho Affonso Leite e Joaquina Maria da Conceição. Quem realizou o batismo foi o vigário Manoel Firmino Pinheiro.


Manuel Ignácio e sua esposa tiveram dez filhos, sendo quatro homens e seis mulheres: Floro Ignácio da Silva, Otaviano Ignácio da Silva, Justo Ignácio da Silva, José (Jacaré) Ignácio da Silva, Firmina (Minô) Maria da Conceição, Maria São Pedro, Minervina Maria da Conceição, Técula (Santa) Maria da Conceição e Maria José da Conceição.


Manuel teve que mudar-se de Tacaratú, por ter praticado um crime, levando toda sua família, estando Antônio Ignácio com poucos anos de nascido. O destino escolhido por Manuel Ignácio para se esconder, foi Brejo Santo, Ceará, por já ter alguns familiares nesta cidade.


Em Brejo Santo, a família ficou por muitos anos. Antonio Ignácio aprendeu a ler com o professor Manuel da Paz. Maria José casou-se com Manuel Basil, tendo com ele, duas filhas: Edite e Alexandrina.


Maria José viria a separar-se depois e voltaria a morar em Tacaratú, onde se casou novamente, desta vez com Manoel Miguel. Manuel Ignácio tinha inclinações musicais e dele veio o incentivo que motivou os filhos a tocarem alguns instrumentos. Maria José tocava violão e cantava. Otaviano dedilhava com perfeição, as cordas de um cavaquinho e também tinha uma excelente voz. José tocava rabeca e fazia versos rimados. Antônio tocava pé de cabra, um tipo de sanfona pequena muito utilizada no nordeste, principalmente nas décadas de vinte e trinta.


José ganhou o apelido de Jacaré por gostar de cantar, repetidas vezes, esta velha cantiga: “Jacaré diz que tem


Uma cama e um sofá


É mentira de Jacaré


Ele quer se casar


Deixa estar Jacaré


A lagoa é de secar


Depois da lagoa seca


Quero ver Jacaré nadar”.


Em Brejo Santo, Jacaré formou um grupo, que dizem , andou aterrorizando as pessoas e teve que fugir junto com o amigo Róseo Moraes, depois de um forte cerco policial, indo encontrar guarida na cidade alagoana de Piranhas, ao lado do coronel José Rodrigues, desafeto de Delmiro Gouveia. Jacaré casou com Maria Lima, uma moça de Água Branca, Alagoas, que trabalhava na tecelagem da Fábrica da Pedra.


Quando da morte de Delmiro Gouveia, Jacaré e Róseo Moraes foram acusados como sendo os matadores deste grande e ilustre Sertanejo. Com a repercussão do crime Jacaré fugiu pra Brejo Santo, ficando sob a proteção do major Zé Inácio. O major quando ficou sabendo do crime, comunicou as autoridades piranhenses, sobre o paradeiro de Jacaré.


A prisão do acusado não se demorou e enquanto era recambiado do Ceará para Alagoas, na divisa do Ceará com Pernambuco, nas imediações de São José do Belmonte, Jacaré foi friamente assassinado, como queima de arquivos que talvez denunciasse homens importantes da sociedade, como mandante do crime daquele que viria a ser um dos maiores progressistas do Sertão Nordestino.


Antes de ser transferido, Jacaré mandou um bilhete para o pai, que trazia a seguinte quadra:


“Yone é Lionely


O perverso traidor


Eu vingo e vingarei


Seja lá em quem for”.


Uma velha quadrinha ainda é lembrada por pessoas que viveram aquele período:


“Mataram Delmiro Gouveia


Como quem mata um preá


Pegaram o Jacaré


No caminho de Propriá”.


Sem que se tenha certeza do crime, Jacaré pagou com a vida, a vida de um sertanejo valioso e eternizado por suas obras referenciais e dignas de elogios e considerações.


Maria José, depois que se separou do primeiro marido, casou novamente com um rapaz de Tacaratú e veio residir novamente nesta cidade, onde tocava e cantava na igreja.


Antônio Ignácio, com 16 anos de idade, voltou pra Tacaratú e ficou morando algum tempo com a irmã Maria José. Na sua cidade natal Antônio envolveu-se em uma confusão (que não conseguimos colher dele qual havia sido o problema) e teve que sair da cidade, retornando para Brejo Santo e de lá, seguindo para Missão Velha, próximo a Juazeiro, Ceará, onde pretendia ser policial. Quando Antônio chegou a Barbalha, um rapaz falou que ele não poderia ser policial, pois ele era menor de idade. O sonho estava adiado.


Antônio seguiu sem rumo certo, chegando a Cajazeira do Rio do Peixe, Paraíba. Nesta cidade ele foi preso por ter sido confundido com o cangaceiro Volta Seca e só foi liberado depois que constataram que ele não fazia parte do cangaço.


Saindo de Cajazeira do Rio do Peixe, andando aproximadamente trinta e seis quilômetros, encontrou uma fazenda onde pediu guarida e conseguiu emprego na plantação de um roçado.


O dono da fazenda, um senhor chamado André, era negociador de peles, que as revendia em Rio Branco, Pernambuco (hoje Arcoverde). Na fazenda de André, uma sobrinha do proprietário era encarregada da ordenha do leite dos animais.


Essa jovem enamorou-se de Antônio e o convidou para ir um dia tomar leite com ela. Antônio respondeu que só poderia ser no domingo que era seu dia de folga.


Uma agregada de André, chamada Antoninha, notando a aproximação dos dois jovens, chamou Antônio e falou para que ele tivesse cuidado, pois a sobrinha do patrão não era mais virgem e tinha “se perdido” em troca de uma novilha de gado.


Com o intuito de se fazer confusão, Antoninha falou para o patrão André que Antônio andava comentando que a sobrinha dele não era mais virgem. André procurou Antônio para esclarecer os fatos:


– Antônio, Antoninha me disse que você anda dizendo que minha sobrinha não é mais moça?


– Olha André, quem me contou foi sua agregada. Eu sou chegante aqui de pouco tempo e como é que eu ia saber de uma conversa dessa? Eu não saio de sua casa!


– Pois olhe, quando for no finalzinho da tarde e eu for liberar o pessoal do serviço, ela vai estar lá e aí a gente vai esclarecer esta conversa, ela vai ter que provar isto!


Antônio concluiu sua tarefa diária e ao entardecer, como combinado, se dirigiu a casa de André. Quando Antônio chegou à fazenda, o alpendre da residência estava repleto de gente, entre as pessoas encontravam-se os pais da moça, a agregada Antoninha, um funcionário da fazenda chamado Nêzero, o proprietário André e seu irmão Ananias. Quando Antônio foi se aproximando, Antoninha se adiantou e perguntou:


– Hô seu Zé, que história foi essa que você foi contar pra André?


– Aquela que você me contou!


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– Dona Antoninha eu não sou homem de mentira. A senhora fala a verdade, não venha jogar a culpa pra mim não, eu tô chegando de pouco tempo e não sei do procedimento da moça não!


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